top of page

ENSAIOS PRÉ-SELECIONADOS PEF/2016

VITOR SCHIETTE

Desenhar ou pintar com a luz, uma técnica quase tão antiga quanto o surgimento da própria fotografia. Como o próprio nome do meio deixa claro, imagens fotográficas surgem a partir do grafismo de fótons cujo movimento, qualidade, direção e cor são capturados por uma superfície sensível à luz. Assim também procede com a “pintura de luz” ou light painting, técnica que sempre provocou encanto e mistério, especialmente sobre aqueles que não são familiarizados com a mesma. Após muitos anos aprimorando-me em técnicas de longa exposição comecei a experimentar mais no campo do Light Painting em 2015. A luz torna-se pincel, o espaço ao meu redor é a tela, ou papel sobre o qual escrevo perguntas e esboço respostas, ensaio pensamentos, revelo ou escondo mistérios. O tempo, neste processo, é o grande aliado que determina a distância capaz de percorrer o pensamento. Na série fotográfica aqui proposta utilizo fontes luminosas de pirotecnia e disparos de flash em balanço com a luz ambiente e mesmo com faróis de carros e luzes urbanas. Navego entre uma e outra fonte como o pintor que escolhe entre diferentes pincéis. As imagens criadas, mais próximas do abstracionismo do que do figurativismo, evocam símbolos elementares, como o triângulo, o círculo, ou contornos do cenário que as abriga. Ensaiam com os princípios dos mitos da humanidade, propõem ideias e conceitos relacionados ao gênese, à natureza e à relação do homem com o meio ambiente. O resultado desse processo é a composição do que chamo Esculturas Impermanentes. São formas compostas de luz, que jamais serão encontradas no mundo físico, e que nunca existiram de fato senão através do registro fotográfico de longa exposição. São não mais que uma ilusão, uma memória imaginada, o resultado de uma ação performática, um pensamento tangibilizado, imaginado por uma mente humana e testemunhado apenas por um olho mecânico, o da câmera fotográfica.

bottom of page