Selfie em Foco 2019
A curadoria do Paraty em Foco promoveu a chamada Selfie em Foco 2019, visando expor autorretratos criativos enviados por fotógrafos. Foram selecionados 32 autorretatos, evidenciando a variedade de expressões e abordagens. Participam da exposição Adilson Andrade, Alexandre Suplicy, Ana Gilbert, Antonio Salaverry, Arthur Kolbetz, Bruna Vianna, Carolina França, Cecilia Bethencourt, Felipe Garofalo, Fernanda Lider, Flavia Baxhix, Gilma Mello, Khalil Charif, Lilian Nader, Luci Polina, Luciana Crepaldi, Marcos Marcolla, Maria Jose Benassi, Mariana Pêgas, Marisa Souza, Mazé Martins, Natalia Rocha, Paula Mello, Rafael Silva, Renato Lo, Roberta Sucupira, Rossana Medina, Tacila Torres, Tika Tiritilli, Veronica Machado Nani, Victor Garcia e Zé Renato. Local: Pátio da Casa da Cultura. De 18 de setembro a 14 de outubro.
FINALISTAS ENSAIO
18º PEF DE 21 A 25 DE SETEMBRO
UM EVENTO PARA TODOS OS OLHARES
BLOG PEF 2021 Por André Teixeira
HOMENAGEM A THOMAZ FARKAS
A fotografia foi apresentada ao mundo como uma reprodução objetiva, “pura”, do real. Seu caráter técnico lhe conferia um valor de documento que pinturas, esculturas e outras obras que dependiam da mão humana, por mais realistas que fossem, não tinham. Em pouco tempo, no entanto, a inquietação dos primeiros fotógrafos mudou esse panorama: mais do que reproduzir, ela podia e queria interpretar, influenciar, até mesmo subverter a realidade. A imagem no espelho, mais do que um reflexo, produzia reflexões.
Tínhamos, literalmente impressa numa folha de papel, uma contradição em termos: um documento que permitia interpretações subjetivas. O mundo não era apenas visto; era, também, sentido, reinterpretado. O instantâneo se tornava duradouro, e a fotografia, arte.
A disseminação da fotografia digital modificou esse cenário. Passamos a produzir imagens compulsivamente: só em 2017, segundo o fotógrafo e professor Millard Schisler, a humanidade fez um trilhão de cliques — 85% com celulares. Tudo é registrado, a vida só acontece se transformada em pixels publicados nas redes sociais.
Nossa capacidade de absorver e interpretar imagens é limitada. Soterrados por essa avalanche de registros banais do cotidiano, trabalhos consistentes, analíticos, até mesmo provocativos, perdem visibilidade. A fotografia é, assim, novamente relegada ao papel de mero documento, de comprovação do real.
Nada contra, evidentemente, a imagem digital, muito menos sua democratização. Acreditamos, porém, que é hora de revalorizar a fotografia que, além de despertar sentimentos, questões e subjetividades, tenha a qualidade como pilar. Viveremos um ano em que o mundo, após a pandemia, encontrará novos caminhos, que em muitos casos exigirão a redescoberta de bases sólidas, tradicionais. A fotografia, espelho deste mundo, deve seguir a mesma trajetória.
A escolha de Thomas Farkas como homenageado do PEF PARATY EM FOCO 2021 se enquadra nesse conceito. Pioneiro da moderna fotografia brasileira, professor, produtor e diretor de cinema, Farkas foi ao mesmo tempo revolucionário e conservador: a inovação apresentada em sua obra sempre se apoiou numa consistente formação técnica e cultural. Simboliza, assim, essa busca por novos rumos, apoiada na qualidade e reflexão. É o que propomos para a 17ª. edição do nosso festival, neste 2021 em que também lembramos os 10 anos da morte desse ícone da Fotografia brasileira.