top of page

BATE-PAPO PEF 2023 Por André Teixeira

BATE-PAPO COM LUIZ BHERING

Depois de uma temporada de estudos e trabalho na Europa, Luiz Bhering retornou ao Brasil e desde então vem desenvolvendo projetos fotográficos sobre a paisagem do Rio de Janeiro, que vêm sendo apresentados em diversas exposições. Em setembro, ele falará sobre seu trabalho e processo criativo na 19ª. edição do Paraty em Foco. Acompanhe a entrevista: 

Como surgiu sua relação com a fotografia?

Foi quando tinha 13 anos e ganhei de presente da minha mãe uma câmera Pentax K1000. Não demorou muito já tinha montado um laboratório P/B e um projetor de slides. 

Nestes primeiros anos foi um hobby, uma brincadeira. Mas pouco a pouco foi se transformando em algo mais complexo e importante na minha vida.

Fale um pouco sobre sua trajetória.

Trabalhei como assistente de fotógrafos de publicidade aqui no Rio de Janeiro. Mas logo percebi que não era isso que desejava. Foi quando seguir rumo à Europa em busca de uma formação em fotografia. Estudei por dois anos na City Polytechnic School of Arts and Design de Londres. Depois disso fui viver em Madri, morei lá durante oito anos, trabalhando como fotógrafo realizando diversas exposições e trabalhos fotográficos para Editora HOLA-Espanha, como o Especial de Turismo Comunidade Valenciana e um projeto sobre Regiões da Espanha, entre 1994 e 1997.

 

Apesar de ter vivido alguns anos como fotógrafo profissional, minha intenção sempre foi desenvolver trabalhos pessoais, direcionei meus esforços para isso. Desde Londres, cultivei o aprendizado e conhecimento, além do curso, através da visita à várias exposições e livrarias. Visitava museus e galerias de arte contemporânea com grande assiduidade. Tudo isso acompanhado de minha inseparável câmera uma Nikon F2. Nestes anos de Londres e Madri, acho que me encaixava no que se denomina um street photographer.

Quais são suas maiores referências na fotografia?  

 

Impossível não falar dos fotógrafos da agencia Magnum, Henri Cartier Bresson, Robert Capa, Werner Bishof, e claro, Sebastião Salgado. Mas nesta época estudei bastante os trabalhos de Ansel Adams, Man Ray, Fan Ho, Josef Sudek... Mas acho importante citar outras referências, as pituras de Willian Turner, Rembrandt, Goya, Velasquez, Picasso e todos os Impressionistas continuam sendo de grande influência no meu trabalho.

Entre os mais recentes, gosto muito dos fotógrafos da escola de Dusseldorf - O Casal Becher e seus alunos CandidaHofer, Thomas Struth, Thomas Ruff e o Andreas Gursky.

No Brasil, admiro muito o trabalho do Walter Firmo, Mario Cravo Neto, Cristiano Mascaro, Miguel Rio Branco, Luiz Braga e a Claudia Andujar.

Vivemos numa época dominada pelas imagens, com bilhões de pessoas pelo mundo com uma câmera na mão, prontas para fotografar e publicar redes sociais. Como se destacar nesse panorama? O que diferencia uma boa foto de um registro banal?

A fotografia se destaca pela emoção que desperta em que a vê. O fotógrafo tem que estar imbuído da intenção de fazer uma imagem que desperte reações emocionais, porque senão aí sim ficaria uma imagem banal. E o que é uma imagem que emociona? É uma imagem que através da subjetividade e da autoria do fotógrafo será construída, no sentido de composição, luz e momento com toda intencionalidade, e nessa junção de elementos nasce um trabalho único e de destaque.

Nos últimos anos, o termo “fine art” se popularizou entre os fotógrafos, mas ainda há uma certa confusão sobre ele. O que, para você, a fotografia fine art? O que faz uma imagem merecer esta definição?  

O termo fine art que usamos hoje vem em substituição aos termos mais antigos, como trabalho autoral, de expressão pessoal,mas a fotografia fine art ela é uma forma de expressão artística. Não é uma fotografia de trabalho ou fotojornalismo. Ela é uma fotografia intencionalmente feita para ser obra de arte, não tendo uma função, sendo a expressão artística do autor.

A outra confusão que ocorre é com relação a impressão fine art x fotografia fine art: a impressão é uma forma de a fotografia perdurar no tempo, feita em papel de ph neutro com tintas de pigmento mineral.

Este ano, o Paraty em Foco vai abordar a questão da Inteligência Artificial na fotografia. Você tem acompanhado esse assunto? O que acha das imagens criadas com este sistema?   

A IA, como toda inovação tecnológica, desperta muita expectativa e insegurança de não sabermos exatamente o que irá acontecer daqui pra frente. Não posso dizer que sou um grande entendido, ainda não experimentei. Estou lendo sobre e visto algumas imagens feitas por IA, mas creio que teremos que passar por um período de conhecimento para desmistificar a técnica.

O festival também vai tratar da fotografia analógica, que vem recuperando espaço depois da explosão das câmeras digitais. Como vê esse resgate? Que diferenças há entre a foto analógica e a digital?  

Inicio meu trabalho no analógico, que fez parte da minha pelo menos durante 20 anos ou mais. Tinha laboratório, revelava meus próprios filmes, rebobinava filmes para economizar. Mas eu fiz transição para o digital de forma tranquila, nunca temi o digital.

Hoje sou extremamente satisfeito com essa praticidade, nada entusiasta do laboratório, talvez por já ter passado muito tempo em quartos escuros, não vejo com saudosismo aquela época, além do analógico ser mais custoso era também muito poluente com as químicas. Atualmente estou totalmente adaptado às câmeras digitais e seus avanços e facilidades tecnológicas, aos softwares de tratamento e adoro tratar as imagens no meu computador.

Você costuma participar de festivais de fotografia? Qual a importância deste tipo de evento na formação de novos fotógrafos e de um público consumidor desta arte?   

Acho que os festivais são uma grande oportunidade de encontros e trocas entre fotógrafos, colecionadores e público em geral interessado em fotografia. E, para os iniciantes, uma grande chance de conhecer melhor esse fascinante mundo da fotografia. 

Qual sua expectativa para a edição 2023 do Paraty em Foco? O que pretende mostrar? 

Participar deste festival é um desejo antigo.  A ideia de estar lá em Paraty, uma cidade que é uma verdadeira jóia da nossa arquitetura colonial, lugar que sempre que tenho a oportunidade estou por lá e poder falar do que mais gosto, do meu processo criativo, mostrar minhas fotografias é algo que me fascina. Já estou ansioso pela abertura do Paraty em Foco.

bottom of page