HISTÓRICO
2015 DE 23 A 27 DE SETEMBRO
11º PARATY EM FOCO - FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIA
Representação e autorrepresentação na era dos dispositivos
O surgimento da fotografia revolucionou o regime de representação vigente na sociedade oitocentista. Dentre as principais “enfermidades” que acometeram os “adoradores do Deus Sol”, nas palavras do poeta Baudelaire, destaca-se a “febre do retrato”. O que era privilégio de uma elite
endinheirada logo tornou-se acessível às massas. Multidões de narcisos lançaram-se na busca de ver seus traços registrados para a posteridade
na superfície de um papel fotossensível.
Até bem pouco tempo atrás, para obter um bom retrato era preciso dirigir-se a um fotógrafo, em uma espécie de ritual alquímico, durante o qual colocávamos nas mãos de outrem a missão de construir uma imagem idealizada de nós mesmos. Hoje em dia, no extremo oposto, um turista através
de um selfie não apenas faz seu próprio retrato como registra sua geolocalização, ávido por gravar vestígios que extrapolem a vida corriqueira nas timelines das redes sociais.
Na era dos dispositivos eletrônicos e da comunicação em rede, cada qual comanda seu próprio espetáculo. Em tese, o indivíduo hoje é dono da
construção completa de sua imagem, como se cada um de nós tivesse uma agência de marketing à nossa disposição.
E o fotógrafo? Somos da teoria que, num mundo onde todos fotografam, fotógrafo é aquele que edita, que constrói as narrativas, nos aproximando
cada vez mais de uma fotografia com origens na história oral. A memória do futuro depende essencialmente desses contadores de histórias.
Fotógrafos – tanto os de artes quanto os de ofício – têm encontrado no retrato um instrumento criativo para tratar de seus temas. Se, por um lado,
o pau de selfie resolve uma questão de afirmação de identidade e de pertencimento, por outro lado, o retrato também tem sido ferramenta para que fotógrafos e artistas contemporâneos construam narrativas cada vez mais elaboradas.
Há exatos 10 anos o Paraty em Foco vem se encarregando de fomentar discussões contemporâneas acerca da imagem. Em sua 11a edição,
o Festival propõe um debate sobre a representação e a autorrepresentação na era dos dispositivos eletrônicos. Traga seus gadgets, imagens,
ideias, conceitos e preconceitos e venha debater com fotógrafos, pensadores e outros grandes profissionais deste campo, vindos dos
quatro cantos do mundo.